Estudar medicina em Portugal com o Enem se tornou uma possibilidade concreta para estudantes brasileiros, graças à decisão de algumas universidades portuguesas de aceitarem as notas do Exame Nacional do Ensino Médio como critério de ingresso. Essa mudança representa uma abertura significativa para o intercâmbio educacional entre os países lusófonos, mas levanta preocupações quanto aos custos envolvidos. As instituições portuguesas passaram a disputar os estudantes brasileiros, que geralmente pagam mensalidades muito mais altas do que os cidadãos locais. Essa disparidade tem causado debates sobre o tratamento justo dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
A possibilidade de estudar medicina em Portugal com o Enem foi recentemente anunciada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e pela Escola de Medicina da Universidade Católica Portuguesa. Ambas as instituições abriram o processo seletivo para brasileiros utilizando as notas do exame brasileiro, sem a necessidade de realizar provas específicas no país europeu. Com isso, ampliam-se as opções para estudantes que buscam formação médica fora do Brasil, especialmente em um país com o mesmo idioma e elevado padrão acadêmico.
Apesar da facilidade no ingresso, estudar medicina em Portugal com o Enem implica em um custo significativamente mais alto para brasileiros. Na Universidade de Lisboa, por exemplo, os estudantes estrangeiros pagam cerca de 18 mil euros por ano, o que equivale a aproximadamente 113 mil reais. Já os portugueses desembolsam cerca de 2,7 mil euros no mesmo período, uma diferença de mais de seis vezes no valor da anuidade. Essa discrepância tem sido alvo de críticas por parte de famílias brasileiras que enfrentam dificuldades financeiras para bancar o sonho da formação médica no exterior.
Na Universidade Católica Portuguesa, a situação é semelhante para quem deseja estudar medicina em Portugal com o Enem. Brasileiros e portugueses pagam 18,5 mil euros por ano graças a um acordo de equiparação dentro da CPLP, mas esse valor ainda é significativamente superior ao cobrado em outras universidades portuguesas para seus cidadãos. Se não houvesse o acordo, os brasileiros pagariam até 23,5 mil euros anuais, o mesmo que estudantes internacionais de fora do bloco. Esses dados revelam que, apesar das facilidades de entrada, o custo permanece como grande barreira.
A abertura das candidaturas para estudar medicina em Portugal com o Enem sinaliza um novo capítulo nas relações educacionais entre Brasil e Portugal. As universidades portuguesas parecem estar cada vez mais interessadas no público brasileiro, tanto pelo potencial acadêmico quanto pelo retorno financeiro. No entanto, muitos questionam se esse tipo de relação comercial não deveria ser equilibrado por meio de políticas públicas que garantam equidade entre os estudantes da CPLP, evitando que os brasileiros sejam tratados como meros consumidores de educação.
Outro fator a ser considerado por quem planeja estudar medicina em Portugal com o Enem é o número limitado de vagas. Na Universidade de Lisboa, foram oferecidas apenas 15 vagas para estrangeiros, cujas inscrições já se encerraram. Já a Universidade Católica disponibilizou 16 vagas, com inscrições abertas até 12 de junho. Essa limitação exige dos candidatos não apenas boas notas, mas também rapidez e organização para se inscreverem no prazo correto, o que pode tornar o processo ainda mais competitivo.
Para além das questões financeiras, estudar medicina em Portugal com o Enem também representa uma oportunidade de vivenciar um sistema de ensino europeu, com infraestrutura de ponta e acesso a práticas clínicas modernas. Os estudantes têm a chance de aprender em hospitais bem equipados, com professores experientes e currículos atualizados segundo padrões internacionais. Isso pode ser um diferencial importante para quem deseja voltar ao Brasil com um diploma de prestígio e boas chances de atuação profissional.
No entanto, é fundamental que os interessados em estudar medicina em Portugal com o Enem façam um planejamento financeiro rigoroso. O custo de vida em cidades como Lisboa é elevado, especialmente com moradia e alimentação. Além disso, muitos cursos exigem materiais específicos e envolvem atividades extracurriculares que também geram despesas. Dessa forma, o sonho de estudar medicina no exterior deve ser acompanhado de um preparo financeiro compatível com a realidade portuguesa, para evitar frustrações no meio do caminho.
Autor: Roman Tikhonov